Qual é a distância entre o pensar e o sentir?
Entre o sentimento e o pensamento.
Quem depende de quem?
O pensar é abstrato e o sentir é real?
Ou o sentir é codificado e o pensar sobrenatural?
O sentir é alimento do pensar ou o pensar é alimento do sentir?
Eu sinto a vida e penso o infinito, penso o improvável ou o impossível?
Penso possibilidades ou penso impossibilidades?
Especulo futuros baseado em passados. Possíveis ou impossíveis?
Sinto somente o presente.
É uma briga entre dois “eus”. O que sente e o que pensa.
Não sei qual que pensa ou qual que sente ou se os dois sentem, mas sei que apenas um pensa.
Também sei que este que especula é um personagem: imagem idealizada e sustentada por uma imprópria hipocrisia.
E o que sente é o que é, eu em essência; sem representações, sem preconceitos e com todas as possíveis percepções.
É o universo interior infelizmente acorrentado por seu carrasco, o eu personagem, o que pensa.
Especular dá segurança, certeza lógica, porém sentir é vicioso, prazer ilógico.
Sentir excessivamente sem pensar torna mais provável o engano e deixa o corpo propício ao medo.
Ao medo de errar o que não é errado, medo de fracassar sem ter fracassado, medo desumano, medo inorgânico.
Medo que restringe o sentir e aumenta o conter, que transforma a mente num depósito de conceitos não sentidos, preconceitos preconcebidos.
Medo que vem da incerteza provida da falta de experimentação, da falta de sensação.
Medo que enjaula vontades necessárias.
Se não experimentamos, não sentimos.
Se não sentimos, não vivemos.
E se não vivemos, não somos.
Existência inexistente.