sábado, 26 de setembro de 2009

Ressentimento



Sofro ao relembrar,
Pois, ao reviver,
Retorno a ficar
Na presença do sofrer.

O passado doloroso,
Enraizado na memória,
Se faz então penoso,
Fabrica minha história.

Todo esse ressentir
Movido por essa vontade,
Incontrolada no devir,
Faz parte da interna maldade.

O impulso à destruição,
Imanente e lento,
Domina minha ação,
Constrói meu tormento.

Devo suprir esses fantasmas,
Causadores de aflição,
Promotores de angútias,
Geradores de inquietação.

Para enfim superar,
Há de se desprender
E, aos poucos, regurgitar
As amarras do viver.

Vinicius de Moraes

A ausência da poesia,
A necessidade que invade,
A tristeza.
Que alarde!

Preso, novamente,
Nas inconstâncias da mente,
Na insuficiência da vontade,
Que arde!

Os desejos de voltar
Às formas simples de amar
Nessa vida tão pequena.
Que pena!

Nesses desvios da procura,
A realidade mostra-se obscura
Nas buscas de faíscas de amor.
Que dor!

Quero voltar,
Viver,
Amar,
Mas para isso há que se dar.