sábado, 21 de novembro de 2009

O cheiro do ralo



É um passado que condena.
Passado mais que passado,
Virado carniça,
Faz minha pena.

Mil tentativas de descarga,
Entaladas no ralo,
Que de quase todas as razões
Vem do falo,
Construídas em meu crescimento.

Quero um dia poder esquecer,
Ou, melhor, superar,
Todos os podres do viver,
Todas as cicatrizes do chorar.

Remexo em minha caixa de doenças,
Cansadas, purulentas.
Tocando as feridas com agulhas,
Procurando um local que sintas,
Que renasças,
Que esqueças.

Para que do podre nasça o maduro,
Que da dor venha a fortuna,
Que todos os meus erros,
Apreendidos, mastigados,
Façam da vida algo que me una.

sábado, 14 de novembro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cartola



"Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés"