quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
Memória
Hoje quero falar sobre memória.
Sobre essas estranhas fotografias do nosso viver, que como fotos normais também não resistem ao tempo.
Sobre essa memória incobrável, que não aceita ser sufocada e se rebela contra o dono.
Essa memória suspeita, memória borrada, que se tem certeza no sentir, mas se desconfia na razão.
Sem catálogo e com escolha somente na pura vontade, a qual nem sabemos se temos governo.
É irracional; se gasta ou surge sem ser pedida ou chamada.
E de vez em quando enganosa.
Mas, mesmo assim, é nossa única conexão com o passado, nosso caráter e, de certa forma, nossa vida.
E se a memória das coisas são tão distorcidas, por que a de quem somos também não seria?
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
Tato
Sinto o toque,
O cheiro,
O gosto.
Ouço o som.
Enxergo o resto.
O tato, sentido primário,
A todos os outros
Se faz necessário.
Atuante em qualquer momento,
Por dor ou prazer,
Tem sua presença
Sem direito a intervalo.
Poderíamos ver,
Ouvir, cheirar...
Se todo esse sentir não fosse levado
A algum lugar em nós
Que, graças ao tato,
Recebe todos os retratos
Disso que é a interação?
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
Aos que priorizam o inglês quando podem.
Olha meus irmãos:
Pra que escrever em inglês
Se temos a mais bela língua em mãos?
O português bem-dito,
Que, apesar de complicado,
Passa bem sua mensagem,
Dando amor ao que foi amado.
Abraça a mente, cutuca o peito
E torna o perceber, por instantes,
Perfeito.
Um certo alívio aos carentes de emoção,
Necessitados da beleza,
Amantes por natureza,
Maltratados do coração.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
Sonhos
Sonhos:
Revelação do inconsciente.
Medos ocultos,
Desejos reprimidos,
Reflexo da alma
Negado pela consciência.
Simplesmente desperdiçado...
Taxado como mera alucinação,
Seu valor cai em desagrado
E o sonho que sonho é,
Deixa de ser.
Mas isso está errado!
Pois negar o exterior
É como negar o interior.
E como pode o ser negar o próprio ser,
Praticando de certa forma um suicídio.
Ignorando sua alma,
Que não cansa em exclamar:
- Olha eu aqui! Olha eu aqui! Olha você aqui...
Sorriso que acalma
Como posso me sentir tão bem
Com um sorriso apenas,
Que parece desenhado
Pelas mãos do artista inspirado.
Gostoso como a risada de um bebê
E detalhado como uma flor,
Esse sorriso que acalma,
Acolhe e agrada
E me faz sentir bem.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
A mão do artista
Mãos pincelam o infinito.
Guiado à harmonia do universo,
O corpo, vívido,
Expressa a vontade divina
De exprimir o intangível.
Força invisível,
Que nos impulsiona à verdade.
Temida por tantos,
Mas aceita por poucos.
Revelada por estes
Através da infinita paixão,
Que nos sirva de exemplo
E abra, assim,
As trancas da percepção.
Guiado à harmonia do universo,
O corpo, vívido,
Expressa a vontade divina
De exprimir o intangível.
Força invisível,
Que nos impulsiona à verdade.
Temida por tantos,
Mas aceita por poucos.
Revelada por estes
Através da infinita paixão,
Que nos sirva de exemplo
E abra, assim,
As trancas da percepção.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
Mundo quadrado
Olho em volta e vejo blocos
Quadrados, regresso de consciência.
Nas ruas prédios,
Nada mais que blocos.
No máximo um círculo, volante do carro,
E na porta da garagem
Outro bloco.
Quero ver o entrelace das raízes,
Assistir ao movimento dos galhos,
Das folhas e flores
Soltas ao vento,
Que eriçam a alma,
Respondem perguntas,
Incitam respostas.
Quero acordar e ver vida,
A harmonia dos animais.
Ver a verdade por si só,
As espirais,
O Universo.
Agora, por outro lado os blocos, ah, os blocos.
Janela, porta, móvel,
Televisão, microondas, paredes.
Meu chão,
Meu teto,
Meu inverno.
Cansei de ver blocos,
Cansei da cidade.
Travas no cérebro;
Prisão à superficialidade.
Congelamento involuntário do existir.
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