sexta-feira, 2 de julho de 2010

Desejos


Se quero assim,
Desejo tudo intenso,
Busco tudo agora,
É que algo em mim pede,
Mas não porque há falta;
Existe excesso.

Se o desejo fosse somente falta,
Jamais se poderia desejar o que nunca se foi mostrado;
Seu disparo é uma condição.
E se há alimento,
Ao depois privá-lo deste,
Um vazio em seu lugar surge,
Exigindo outra refeição.

No plano dos desejos,
Há por eles entrelaces,
Distribuindo suas forças
No rearranjo de seus pesos.

O espaço de uma privação
Nos desejos adjacentes se compensa,
Sejam estes realizados ou fantasiados,
Fazendo esta área mais intensa.

Neste excesso de realização,
A satisfação é sempre pouca,
Pois os espaços vazios continuam.
O sentimento da falta é ilusório,
Criado por vontades desviadas,
Que fazem de nós dependentes
De prazeres fúteis, incoerentes.

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