Há tanto acontecendo,
Tanto sentimento,
Tanta emoção fluindo,
Que me perco em meu pensamento.
Tentativas de achar significados,
De encontrar coerência...
Confusões de valores
Estagnadas na consciência.
Essa razão que sempre cutuca,
Que paralisa o peito
E o impede de transbordar,
De aceitar o que foi feito.
O sentir é injustamente castrado
Por essa necessidade fútil
De dar sentidos desnecessários,
De racionalizar, inútil.
A sensação de liberdade
Tão mais livre seria
Se não existisse essa vontade
De imaginar o que aconteceria.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Corrente

Não hesite,
Não duvide,
Sempre encare,
Se permita.
Porque a vida,
Ao ser vivida,
É feita de encaixes;
Dependentes entrelaces.
Quando um caminho se rompe,
Uma onda irrompe,
Afetando muitas camadas
Antes de sua calmaria.
E os outros,
Pelos quais estamos,
Só vieram a acontecer
Pois pisamos onde pisamos.
Portando, preste atenção,
O mundo não é um moinho.
É uma corrente
De laços nem um pouco mesquinhos,
Feitos por cada ação,
Levando a incontáveis caminhos.
Não duvide,
Sempre encare,
Se permita.
Porque a vida,
Ao ser vivida,
É feita de encaixes;
Dependentes entrelaces.
Quando um caminho se rompe,
Uma onda irrompe,
Afetando muitas camadas
Antes de sua calmaria.
E os outros,
Pelos quais estamos,
Só vieram a acontecer
Pois pisamos onde pisamos.
Portando, preste atenção,
O mundo não é um moinho.
É uma corrente
De laços nem um pouco mesquinhos,
Feitos por cada ação,
Levando a incontáveis caminhos.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
A boca interna

Falar a si próprio:
Faço isso a todo momento,
Mas insatisfeito em fazê-lo;
Não encontro opção.
Ao meu ver,
Não há sentido no falar interno,
Pois quem fala algo, fala a alguém,
E este é o mesmo que aquele.
Quem precisa de narrativa?
Já que o narrador é o próprio personagem.
O que se viu está visto,
Não existe outro que precisa ouvir.
Há somente um de mim.
Não entendo a necessidade de se verbalizar o que se passa.
Ler mentalmente os fatos é sem utilidade,
Comentários são dispensáveis.
Nosso ver é completo por si só.
Quem fala é o ego?
E quem ao mesmo tempo escuta,
O que será?
Essa vontade de falar,
De repetir a si mesmo,
Só nos impede de ouvir,
Quebra o ritmo do nosso perceber.
E apesar de reconhecer
Tamanha inutilidade nisso tudo,
O controle desse barulho
Raramente vem a se mostrar.
Silenciar esse narrar incessante
É o que busco há anos.
Pois nos curtos momentos de quietude
Pude enxergar sem pausas,
E a vida se mostrou muito mais bela.
Faço isso a todo momento,
Mas insatisfeito em fazê-lo;
Não encontro opção.
Ao meu ver,
Não há sentido no falar interno,
Pois quem fala algo, fala a alguém,
E este é o mesmo que aquele.
Quem precisa de narrativa?
Já que o narrador é o próprio personagem.
O que se viu está visto,
Não existe outro que precisa ouvir.
Há somente um de mim.
Não entendo a necessidade de se verbalizar o que se passa.
Ler mentalmente os fatos é sem utilidade,
Comentários são dispensáveis.
Nosso ver é completo por si só.
Quem fala é o ego?
E quem ao mesmo tempo escuta,
O que será?
Essa vontade de falar,
De repetir a si mesmo,
Só nos impede de ouvir,
Quebra o ritmo do nosso perceber.
E apesar de reconhecer
Tamanha inutilidade nisso tudo,
O controle desse barulho
Raramente vem a se mostrar.
Silenciar esse narrar incessante
É o que busco há anos.
Pois nos curtos momentos de quietude
Pude enxergar sem pausas,
E a vida se mostrou muito mais bela.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Pêndulo
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Crepúsculo
Na cadência do sol,
Seu poente revela
Uma verdade discreta,
Intuições ao poeta.
No lento tocar
Do fogo com o mar
O silêncio percute,
Se irrompe um calmar.
Uma calmaria momentânea,
Com tudo consonante,
Mantém a si mesma
Na memória, flutuante.
O amarelo condensado,
No azul imerso,
Mostra o roxo, delineado,
Sob o laranja disperso.
Desnuda o infinito,
O traduz em cores;
Desmembrando o branco
Em um silencioso canto.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Tábua de esmeralda

"É verdade, certo e muito verdadeiro:
O que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo, para realizar os milagres de uma coisa só.
E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação.
O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
O Pai de toda Telesma do mundo está nisto.
Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.
Sobe da Terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe força das coisas superiores e inferiores.
Desse modo obterás a glória do mundo.
E se afastarão de ti todas as trevas.
Nisso consiste o poder poderoso de todo poder:
Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
Assim o mundo foi criado.
Essa é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas.
Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal.
O que eu disse da Obra Solar é completo."
O que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo, para realizar os milagres de uma coisa só.
E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação.
O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
O Pai de toda Telesma do mundo está nisto.
Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.
Sobe da Terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe força das coisas superiores e inferiores.
Desse modo obterás a glória do mundo.
E se afastarão de ti todas as trevas.
Nisso consiste o poder poderoso de todo poder:
Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
Assim o mundo foi criado.
Essa é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas.
Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal.
O que eu disse da Obra Solar é completo."
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
O cheiro do ralo

É um passado que condena.
Passado mais que passado,
Virado carniça,
Faz minha pena.
Mil tentativas de descarga,
Entaladas no ralo,
Que de quase todas as razões
Vem do falo,
Construídas em meu crescimento.
Quero um dia poder esquecer,
Ou, melhor, superar,
Todos os podres do viver,
Todas as cicatrizes do chorar.
Remexo em minha caixa de doenças,
Cansadas, purulentas.
Tocando as feridas com agulhas,
Procurando um local que sintas,
Que renasças,
Que esqueças.
Para que do podre nasça o maduro,
Que da dor venha a fortuna,
Que todos os meus erros,
Apreendidos, mastigados,
Façam da vida algo que me una.
sábado, 14 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Cartola

"Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés"
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Amada

Te dou todo meu carinho
De paixões construídas
Durante nosso caminho,
Em palavras miúdas.
Todos os olhares,
Todas as despedidas,
Todos os reecontros,
Todas as saudades.
Vivo contigo cada momento,
E com tanto encanto,
Que todo meu tormento
Se desfaz em nosso canto.
Construímos navios
Que, navegando entre nós,
Trocam mundos sem desvios,
Criam nós.
Fiquemos perto,
Ainda mais,
Pois faremos da nossa vida um porto,
Faremos da nossa vida um cais.
sábado, 26 de setembro de 2009
Ressentimento
Sofro ao relembrar,
Pois, ao reviver,
Retorno a ficar
Na presença do sofrer.
O passado doloroso,
Enraizado na memória,
Se faz então penoso,
Fabrica minha história.
Todo esse ressentir
Movido por essa vontade,
Incontrolada no devir,
Faz parte da interna maldade.
O impulso à destruição,
Imanente e lento,
Domina minha ação,
Constrói meu tormento.
Devo suprir esses fantasmas,
Causadores de aflição,
Promotores de angútias,
Geradores de inquietação.
Para enfim superar,
Há de se desprender
E, aos poucos, regurgitar
As amarras do viver.
Pois, ao reviver,
Retorno a ficar
Na presença do sofrer.
O passado doloroso,
Enraizado na memória,
Se faz então penoso,
Fabrica minha história.
Todo esse ressentir
Movido por essa vontade,
Incontrolada no devir,
Faz parte da interna maldade.
O impulso à destruição,
Imanente e lento,
Domina minha ação,
Constrói meu tormento.
Devo suprir esses fantasmas,
Causadores de aflição,
Promotores de angútias,
Geradores de inquietação.
Para enfim superar,
Há de se desprender
E, aos poucos, regurgitar
As amarras do viver.
Vinicius de Moraes
A ausência da poesia,
A necessidade que invade,
A tristeza.
Que alarde!
Preso, novamente,
Nas inconstâncias da mente,
Na insuficiência da vontade,
Que arde!
Os desejos de voltar
Às formas simples de amar
Nessa vida tão pequena.
Que pena!
Nesses desvios da procura,
A realidade mostra-se obscura
Nas buscas de faíscas de amor.
Que dor!
Quero voltar,
Viver,
Amar,
Mas para isso há que se dar.
A necessidade que invade,
A tristeza.
Que alarde!
Preso, novamente,
Nas inconstâncias da mente,
Na insuficiência da vontade,
Que arde!
Os desejos de voltar
Às formas simples de amar
Nessa vida tão pequena.
Que pena!
Nesses desvios da procura,
A realidade mostra-se obscura
Nas buscas de faíscas de amor.
Que dor!
Quero voltar,
Viver,
Amar,
Mas para isso há que se dar.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Koan Zen

"Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao vento. Um deles disse:
- A bandeira que se move.
O outro disse:
- É o vento que se move.
Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse:
- Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move.
Os dois monges ficaram perplexos."
- A bandeira que se move.
O outro disse:
- É o vento que se move.
Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse:
- Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move.
Os dois monges ficaram perplexos."
Saudade

Saudade do teu perfume,
Que às vezes acho que sinto.
Impulso instantâneo,
Na lembrança repito.
Saudade da tua voz,
A qual finjo ouvir.
Feminina, gostosa,
Forço a memória a sentir.
Saudade do nosso beijo,
No qual vejo o infinito.
Com olhos fechados,
O tempo não sinto.
Saudade de te fitar,
Bem de perto,
Pra fixar,
Com o olhar curto,
A imagem do amar,
Sem nenhum turvo.
E, felizmente,
Toda a saudade é preenchida,
Rapidamente,
Com mais perfumes marcantes,
Mais beijos paralisantes
E mais olhares inocentes.
sábado, 27 de junho de 2009
Segunda ordem

A energia, o espírito, as trocas,
São impossíveis de descrever.
A linguagem só produz associação com a matéria e sentimento.
E mesmo suas metáforas são insuficientes.
Pra passar pro papel
As percepções mais profundas da alma,
Precisa-se transpô-las a figuras de linguagem
Relacionadas a coisas físicas.
Sem a transmissão direta,
O entendimento só pode ser relembrado,
Sendo previamente necessário
E somente para o reconhecimento.
A aprendizagem espiritual independe do dizer.
Suas tentativas de registro
Apenas auxiliam e fixam confirmações
Ao reconhecermos, nelas, as raízes de suas motivações.
São impossíveis de descrever.
A linguagem só produz associação com a matéria e sentimento.
E mesmo suas metáforas são insuficientes.
Pra passar pro papel
As percepções mais profundas da alma,
Precisa-se transpô-las a figuras de linguagem
Relacionadas a coisas físicas.
Sem a transmissão direta,
O entendimento só pode ser relembrado,
Sendo previamente necessário
E somente para o reconhecimento.
A aprendizagem espiritual independe do dizer.
Suas tentativas de registro
Apenas auxiliam e fixam confirmações
Ao reconhecermos, nelas, as raízes de suas motivações.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Ação e reação

Escrever? Sobre o que?
Os caminhos que a vida toma?
É um bom tema.
Questiono sobre a influência que nossas ações têm
Sobre nossos rumos.
Não sua inegável existência e determinância,
Mas o estado em que tais são cometidas.
Pois nosso estado as determinam,
Sendo a raiz.
As ações são os galhos,
A consequência os frutos,
Maduros ou podres,
E o que causou esse estado,
Causa indireta da ação,
O Solo.
Colhemos o que plantamos?
Ou somos a própria colheita?
Colhida também pelo universo.
E a ação correta?
Se existe, há também de haver um estado correto.
E, se nosso estado é determinado pelo o que acontece,
Fechamos um ciclo.
Mas existe o livre-arbítrio!
Só que desconheço sua total independência de escolha.
Vejo, então, que para ser livre é necessário
A prévia libertação dos estados,
Não sua contenção.
E somente não sendo influenciado pelos acontecimentos
Isso é possível.
A conexão com nosso destino é sempre constante,
Mas para vê-la não há de haver julgamento,
Pois este é ancorado ao que passou.
Se deve estar alheio, porém atento.
Inteiro, porém solto de nossas internalidades.
Despreocupado, porém consciente.
Desprendido do passado, porém aberto ao futuro.
E isso se faz no presente.
Os caminhos que a vida toma?
É um bom tema.
Questiono sobre a influência que nossas ações têm
Sobre nossos rumos.
Não sua inegável existência e determinância,
Mas o estado em que tais são cometidas.
Pois nosso estado as determinam,
Sendo a raiz.
As ações são os galhos,
A consequência os frutos,
Maduros ou podres,
E o que causou esse estado,
Causa indireta da ação,
O Solo.
Colhemos o que plantamos?
Ou somos a própria colheita?
Colhida também pelo universo.
E a ação correta?
Se existe, há também de haver um estado correto.
E, se nosso estado é determinado pelo o que acontece,
Fechamos um ciclo.
Mas existe o livre-arbítrio!
Só que desconheço sua total independência de escolha.
Vejo, então, que para ser livre é necessário
A prévia libertação dos estados,
Não sua contenção.
E somente não sendo influenciado pelos acontecimentos
Isso é possível.
A conexão com nosso destino é sempre constante,
Mas para vê-la não há de haver julgamento,
Pois este é ancorado ao que passou.
Se deve estar alheio, porém atento.
Inteiro, porém solto de nossas internalidades.
Despreocupado, porém consciente.
Desprendido do passado, porém aberto ao futuro.
E isso se faz no presente.
domingo, 10 de maio de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Tremido pulsar

Há uma inquietude interna,
O pulso é constante.
O espírito está quente
Enquanto o corpo hiberna.
A alma, morna,
Incita o intelecto, sem cessar.
Tão fortemente,
Que o fluxo do pensamento
Corre sem pausar.
Toda essa corrente,
Por ser tão intensa,
Não tem coerência.
E o que se pensa
Embrulha a consciência.
Para associar corretamente,
O fluxo deve ser pulsante.
Esferas de conexões,
Ampliando infitamente.
O equilíbrio da mente
Reflete no ente,
E quando as idéias não oscilam
O corpo enfim sente.
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