sábado, 29 de novembro de 2008



"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vida e morte



O verde, à noite, escurece...
O vermelho arde,
E o amarelo desaparece.

O preto, então, aparece
Na noite onde as cores somem.
Me resta o branco, interno.

É nessa imensidão vazia
Que meus sentimentos florescem,
Quietos...

Minha alma, fervida pelo dia,
No preto se revela...

Os potenciais de dentro
Se misturam...
Alguns vivos,
Outros a caminho da morte,
Nessa infinitude que existe
E deixa de existir a cada segundo.

Vitalidade extensa,
Mortricidade intensa,
Embaralha-me, intensifica-me,
A cada morrer e a cada viver...

Sou um motor de solidões frias,
Conexões quentes
E relações vazias.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contato

Olhar que transcende a imagem
Como a metáfora que transcende a linguagem.
Magnetiza-me,
Encanta-me,
Faz-me presa,
Necessitando entregar-me.

Meu corpo, então,
Se traduz em vontade
De querer completar-me com sua realidade
E transformá-la, junto à minha,
Numa satisfatória verdade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ser ou trabalhar



Minha vida é contemplar.
Reconheço o céu e suas nuvens.
As plantas e suas flores.
O universo e suas galáxias.
Do micro ao macro,
Deixei minha mente devanear.


A partir disso,
Vem a necessidade de exprimir.
Mas sempre me preocupei tanto em enxergar,
Que o fazer foi esquecido.

Não consigo ser poeta,
Nem artista, o que sempre quis.
Falta dedicação a mim.
Todo esse tempo somente a apreciar,
Limitou meu expressar.
Agora só consigo lamentar.

Voltar atrás? Impossível.
E nem sei se quero,
Porque tudo que sou hoje,
Devo ao que contemplei.

Apenas sofro,
Quando choro ao ver, num dia chuvoso,
Um rachar amarelo entre as nuvens,
Me mostrando a imensidão azul...
E depois não saber o que fazer com esse chorar.
Escrever torto é o máximo que consigo.

O mundo quer que eu trabalhe, estude...
Fico perdido.
Pois tudo o que leio
Parece um buscar do reflexo da lua
Em uma água turva.
Sem saber que basta olhar acima.

Só o misticismo me interessa,
Mas não há faculdade para isso.
Preciso de dinheiro, fazer o quê.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vôo



Leva sua vida
Porque, no caminho, há de surgir poesia.
Mova-se por suas amizades,
Pois são elas que estarão sempre ao seu lado.

Ame todos, deixe falar quem quiser.
Diga sim para não dizer talvez.

À noite, busque as estrelas,
Mesmo que as luzes da cidade as escondam.
De dia, procure o verde,
Mesmo que os prédios o oculte.

Olhe o céu e ache os pássaros,
Mesmo que inexistentes.
Eles são o maior ensinamento.
Eles e as flores,
Que se abrem mesmo à noite.

Abaixa estes ombros,
Cuida do seu corpo.
A vida é longa, companheiro...
O tempo não parará,
Por mais que você queira.

Apague as luzes,
Respeite a noite,
O escuro, a morte.

O caminho está no ar,
Basta aprender a voar.

sábado, 22 de novembro de 2008

Falso soneto


O que o coração pede
A mente não tem como dar.
Essa divisão necessária
Dói, me impede de andar.

Exprimir esse vazio
É tudo o que posso fazer.
No entanto, não irá adiantar...
Devo me poupar.

A poesia me consome
Ao escrever este sofrer,
Já que sou tão covarde para chorar.

Devo, então, me conformar
E esperar o tempo dizer
Qual caminho traçar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sete



Vermelho, me alimente.

Laranja, me esquente.

Amarelo, dá-me luz.

Verde, me equilibre.

Azul, me esfrie.

Roxo, me guie.

Branco, me ilumine.


Meio



Luz e escuridão.
Frio e calor.
Céu e inferno.
Preciso achar o terço.

Me dividir em dois,
Ir e vir...
Só vou, sem voltar,
Sem achar o complemento.

Insatisfeito estou
Em meio à dualidade.
Desequilibrado na vastidão
Das expressões duplas.

Sofrer e amar,
Rir e chorar.
Felicidade contida,
Prantos em água.

Cadê o triângulo?
Onde está o pentagrama?
E o sete implícito?
Sete vidas, sete energias...

A morte um dia virá...
E ao tomar a minha vida revelará
Tudo o que eu quero.
Mas e até lá?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Solidão



Olhando as nuvens
Com todo esse amor latente.
Pregando o infinito nos olhos...
Só vem a saudade.

A tristeza de se ver só,
Sem a companheira.
Para junto compartilhar,
Pela qual extravasar.

E esse chorar
Vindo em ondas...
Ondas de compaixão, de amor...
Apagadas em mais uma brasa de cigarro.

O mundo, lá fora, me esperando.
E eu, aqui dentro, sonhando.
Com tudo, mas principalmente com vocês.

Vendo, sentindo de repente o pranto
Desfeito em véus...
Tentando exprimir sem fim
Esse turbilhão em mim.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Chuva



Representa a divindade da água.
Revela sua capacidade de se movimentar dentro de qualquer corpo.
No nosso, pela circulação e osmose.
E na terra, corpo celestial, através dos rios, mares e chuva.
Necessária à vida, justamente por esse poder único de renovar e integrar tudo o que encosta.
Presente nos céus, presente na terra, presente no ar, onipresente.

Chuva, seu som é macio.
Nuvem, sua forma é bela.
Cachoeira, seu ar tranqüiliza.
Rio, seu toque faz bem.
E água, seu gosto que gosto não tem é o melhor que tem.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lentidão



Está tudo tão lento.
Fala-se demais, diz-se de menos.
O tempo passa e me arrasta,
Implicando insatisfação.

Meu ritmo é rápido,
Sou ansioso,
Me angustio fácil,
Sendo logo reprimido.

Devo só ser,
Mas para isso há consequências,
As quais meus ombros ainda não suportam.
Usar atalhos gera dívidas,
Que só o corpo pode pagar.

A insustentável leveza do ser
É realmente insustentável.
Devo então soltar e deixar as correntes a puxar
Para, assim, tentar ser
Sem lutar...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pagamento



Pago minhas sensações com sofrimento.
Me introverto com minha lógica,
E a extroversão vem com o sentimento.
Tudo devidamente equilibrado?
Não! Falta emoção...

Não quero perder a qualidade de chorar,
Quero viver, quero amar...

Meu coração é de carne,
Já a mente de resina,
E a escrita é de tinta.

Pintar o ego, deixá-lo colorido...
Transbordar o copo...
Copo vazio.
É o que preciso.

Viver é ser,
Especular não é.
O passado que foi
É o futuro que jamais será.

Há todas as cores em mim,
Porém não as vejo.
E com os olhos fechados
Há o nada branco e o infinito preto.