quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lentidão



Está tudo tão lento.
Fala-se demais, diz-se de menos.
O tempo passa e me arrasta,
Implicando insatisfação.

Meu ritmo é rápido,
Sou ansioso,
Me angustio fácil,
Sendo logo reprimido.

Devo só ser,
Mas para isso há consequências,
As quais meus ombros ainda não suportam.
Usar atalhos gera dívidas,
Que só o corpo pode pagar.

A insustentável leveza do ser
É realmente insustentável.
Devo então soltar e deixar as correntes a puxar
Para, assim, tentar ser
Sem lutar...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pagamento



Pago minhas sensações com sofrimento.
Me introverto com minha lógica,
E a extroversão vem com o sentimento.
Tudo devidamente equilibrado?
Não! Falta emoção...

Não quero perder a qualidade de chorar,
Quero viver, quero amar...

Meu coração é de carne,
Já a mente de resina,
E a escrita é de tinta.

Pintar o ego, deixá-lo colorido...
Transbordar o copo...
Copo vazio.
É o que preciso.

Viver é ser,
Especular não é.
O passado que foi
É o futuro que jamais será.

Há todas as cores em mim,
Porém não as vejo.
E com os olhos fechados
Há o nada branco e o infinito preto.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Correnteza



Escrever, não consigo.

Ser, enxergo.
Insanidade somos nós.
Nós que se prendem,
Apegos que se esvaem.

Quero ser novo, ver novamente.
Reticenciar o todo,
Infinito de mim mesmo.

À noite, acendo.
De dia, calo-me.
À tarde, vejo-me.
Sou ondas azuis
Em um oceano vermelho.

Nado a esmo,
Sem nem saber o que encontrar...
E muito menos o que ser.
O que resta é tentar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Silencioso barulho



Minha alma inquieta.
Há uma voz:
A voz da mente.
Mentirosa.

Tentar o silêncio,
Abrir os canais
Pelos quais a energia flui
Sem cessar.

Estar sempre aberto,
Se dar...
É o que é necessário
Para ouvir sem falar.

Sem a fala
Vem o viver.
Com o silêncio
Há o esperar.

Vivendo e esperando,
A vida se mostra,
A percepção flui
E o interagir se alastra.

O objetivo some como ponto,
Mas reaparece como planos.
Se mostra a qualquer hora,
Larga da distância.

Próximo à fonte
Se bebe da força,
O impulso criativo aparece
E o corpo se funde.

O poema não tem fim,
Assim como o destino.
Vivo então sem rumo,
Porém afim...


terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Super-homem, a canção"



"Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É a que me faz viver

Quem dera pudesse todo homem compreender ó mãe,
Quem dera
ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher..."

Complicada busca



Necessidade do toque,
Fusão.
Do olhar que penetra,
Conexão.
Do silêncio melódico,
Suficiente.
E da plena interação,
Viciosa.

Essa falta que perturba a atenção,
Impede a contemplação
E impõe insatisfação.

Busca incessante,
Pois não se se completa só.
E, na espera,
A verdade se esconde.
Não há música.

domingo, 26 de outubro de 2008

Homenagem a elas



As responsáveis por nossos encantos.
As sensivelmente aguçadas
E sentimentalmente capazes
De amparar nossos desencantos.

Elas que têm curvas.
Elas que quebram nossos quadrados,
Que moldam-nos em círculos,
Hiperbolizam nossas paixões.

Elas que manifestam o valor do que não se explica,
Que equilibram nossa razão
Com o transbordamento da emoção.

As criadoras de vida,
As condições à poesia.
As resistentes à dor,
Os redemoinhos de amor.

Voz



Um dia desses, deitado na cama com ela, olhava o teto.
Os corpos pouco se encostavam, mas era constante.
Conversávamos sobre não sei o quê; a voz era muito presente.
Deixei as memórias de lado, a sentia apenas como som e calor, sem nenhuma lembrança ou dedução associada a isso.
Percebia a voz como todo seu ser e prestava atenção em sua maciez, na tonalidade e intenção, sem importar-me com os significados.
Vi que o mais interno de alguém está em sua voz.
E o externo em sua "casca", sua forma.

Nós somos as nossas vozes.

sábado, 25 de outubro de 2008

Par ou ímpar?



Viver:
Agir
Ou observar...

Criar,
Destruir,
Manipular.

A vontade,
Com receio
Ou confiança.

O egoísmo,
A maldade
E a bondade.

Regredir,
Manter,
Superar.

Morrer,
Viver,
Eternizar.

O azul,
Verde
E vermelho.

O branco,
Cinza
Ou preto.

E o universo:
Nada
E infinito

Se resume em
Pai, mãe
E filho.

A mulher



Ela é, ela está.
Vive por meio de mim,
A encontro.
Será?

Viverei sempre a te encontrar...
Será?
A me encontrar...
Em você e em mim.

As duas partes que se formam...
Cada qual sozinha.
A necessidade é do interno,
Mas o externo é quem pede ajuda.

Eva! Eva!
Aonde estará?
Dentro ou fora?

Quem será?...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mãos



Cinco dedos,
Cinco pontas,
Que juntos formam a mais incrível ferramenta
Com as mais belas proporções.

O polegar, grande diferencial,
Faz a pinça,
Que pincela possibilidades infinitas
De criação ou destruição.

Um aperto de mãos,
Um abraço, um tapa bem dado.
São simples ações,
Mas cheias de significado,
Que possibilitam interações
De agrado ou desagrado.

Há mãos que acolhem,
Mas há as que mordem.
Há também as que aquecem,
E há as que estremecem.
Expressão máxima do divino,
São as mãos.

As suas quais são?

Três coisas que devo fazer



Contemplar árvores

Olhar nos olhos de um mendigo

Olhar o espelho nos olhos

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Inconstância



Tempo inconstante,
O percebo em ondas.
É rápido, curto,
Às vezes lento,
Ofegante.

Mas sempre tangente.
Desacelera, acelera
E raramente pára.

Passam-se as horas...
Passam-se os minutos...
Trocando os valores.
Hora que se faz minuto,
Minuto que se faz hora.

Perceber o tempo é complicado.
Já o espaço, mais fácil.

Sol?



É tarde na tarde...
O sol está saindo,
E sua companheira chegando.

Mas ela é tímida,
Às vezes amarela,
Até ruiva...

Tem o seu tempo certo,
Mas seu homem
A esconde no teto.

Ela é linda,
Mas não dão atenção.
Ela é a Lua.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Paciência



Acorda! É tarde...
Cadê o coelho?
Achou o gato roxo?

Vida vai...
Vida vem...
Venha!
Mas tenha calma.

O tempo e o espaço
São nossos melhores amigos...
Porém traiçoeiros.

Tenha tempo,
Haja espaço...
Fique em casa.

Amor



Amor não se entende,
Se sente.
Amor não se passa,
Se exala.
Amor não se recebe,
Se percebe.
Amor não preenche,
Invade.

Amor não se cria,
Amor surge,
Feito a chuva, de repente,
Que logo se apossa
E faz da vida nossa,
Presente.

Mas não se consome,
Se aspira.
Não se gasta,
Se perde.
Não se acaba,
Se esquece.

E não é só,
É mútuo.
Não é cego,
É mudo.
.
.

Saudade material


O corpo está sozinho.
A mente, não.
A imaginação palpita,
O engana.
A saudade está flácida.

Uma flacidez complicada,
Difícil de repuxar.

Fujo então do corpo,
Para, assim, sustentar
Através da mente,
Com o pensar.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cobiça

Cobiço minha cobiça,
Minha mente é autofágica.
Inverto os valores,
A engulo...

Para digerir: a Ira
Contida em cada um de nós,
Com todos os nós.

Por outro lado, mas perto, a luxúria.
Esta sendo até mais complicada,
Pois seu reter
Há de intensificá-la.

Canalizo, novamente e então,
A Ira na Gula,
E no engulo

O falo.


A beleza do paradoxo

Tá tudo na cabeça,
Seu CABEÇÃO!

Precisa de rima?
Acho que não...

domingo, 19 de outubro de 2008

Choro, riso; riso...

Após o choro,
Há o riso...
Antes da tempestade,
Há a bonança...

Amor e ódio;
Rir e chorar.
A felicidade está restrita a nós
Humanos.

Junto à ela
Carece o término...
Que sempre virá...
Sempre a chorar.