terça-feira, 16 de junho de 2009

Ação e reação



Escrever? Sobre o que?
Os caminhos que a vida toma?
É um bom tema.

Questiono sobre a influência que nossas ações têm
Sobre nossos rumos.

Não sua inegável existência e determinância,
Mas o estado em que tais são cometidas.

Pois nosso estado as determinam,
Sendo a raiz.
As ações são os galhos,
A consequência os frutos,
Maduros ou podres,
E o que causou esse estado,
Causa indireta da ação,
O Solo.

Colhemos o que plantamos?
Ou somos a própria colheita?
Colhida também pelo universo.

E a ação correta?
Se existe, há também de haver um estado correto.
E, se nosso estado é determinado pelo o que acontece,
Fechamos um ciclo.

Mas existe o livre-arbítrio!
Só que desconheço sua total independência de escolha.
Vejo, então, que para ser livre é necessário
A prévia libertação dos estados,
Não sua contenção.
E somente não sendo influenciado pelos acontecimentos
Isso é possível.

A conexão com nosso destino é sempre constante,
Mas para vê-la não há de haver julgamento,
Pois este é ancorado ao que passou.

Se deve estar alheio, porém atento.
Inteiro, porém solto de nossas internalidades.
Despreocupado, porém consciente.
Desprendido do passado, porém aberto ao futuro.
E isso se faz no presente.


domingo, 17 de maio de 2009



Nossa árvore cresce
Enquanto a raiz desaparece.
Portanto não se esqueça
Para que ela não esmoreça.

domingo, 10 de maio de 2009



"God is a concept by which we measure our pain..."

domingo, 22 de março de 2009

Tremido pulsar



Há uma inquietude interna,
O pulso é constante.
O espírito está quente
Enquanto o corpo hiberna.

A alma, morna,
Incita o intelecto, sem cessar.
Tão fortemente,
Que o fluxo do pensamento
Corre sem pausar.

Toda essa corrente,
Por ser tão intensa,
Não tem coerência.
E o que se pensa
Embrulha a consciência.

Para associar corretamente,
O fluxo deve ser pulsante.
Esferas de conexões,
Ampliando infitamente.

O equilíbrio da mente
Reflete no ente,
E quando as idéias não oscilam
O corpo enfim sente.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"A rosa desfolhada"



"Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado
Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado

E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado

Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada"

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Movimento



O tempo escorre como água.
A vida passa como vento.
Rajadas de ar,
Às vezes frias, às vezes quentes.
Relâmpagos de dor,
O sofrimento desacelera.

A areia da ampulheta não termina,
Girá-la não adianta.
Nada nunca irá parar,
O movimento é a condição.

Pulso infinito,
Corrente constante,
Tremor trepidante,
O universo é ato.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Utilidade



Com nós no peito,
Sigo assim.
Pensar no que fazer,
Algo útil...

Como seguir algum caminho,
Se o caminho é não o tê-lo.
Ser livre como um pássaro no céu,
Em vez de um carro numa estrada.

A mente mecânica ilude...
Os sentidos estão aí
Para mostrar a verdade.

O pensamento pensa demais.
O sentimento também.
As sensações são reprimidas,
O que acompanha a dor das mesmas.

Preciso ser alguém,
O mundo pede isso.
E, apesar de me entender vazio,
Meu redor não o permite.

Preciso aprender a ser só,
A só ser...
Pois quando ela vier me buscar,
Sozinho vou estar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dor

Na noite fria
O vento fuma meu cigarro,
As cinzas caem sobre meus pés
E a brasa alcança meu dedo.
O calor queima,
Estou vivo.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sol



Olhando o azul escondido pelas nuvens,
Vejo um pássaro, voo com ele.
Pelos seus olhos aparece a fresta
Nessa imensidão branca.
Plano sobre o verde refletido da mata.
Não sei se olho acima ou abaixo...
Atravesso então o céu,
Almejando o firmamento,
A abóbada celeste.

O branco, agora intensificado,
Está amarelado pelos raios do sol.
Essa luz divina
Que alimenta tudo e a mim.
A razão do verde,
A raiz de todas as contemplações.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Números


Entendo que o um é a origem,
E o dois a dualidade.
Vejo no três o primeiro equilíbrio,
E no quatro sua planificação.
O cinco abre a porta do infinito,
E o seis é sua malha.

O sete é o metafísico,
E o oito os possíveis caminhos.
O nove não se enxerga,
E, chegando ao dez, a gente volta
No ciclo infinito que parte do nenhum.

sábado, 29 de novembro de 2008



"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vida e morte



O verde, à noite, escurece...
O vermelho arde,
E o amarelo desaparece.

O preto, então, aparece
Na noite onde as cores somem.
Me resta o branco, interno.

É nessa imensidão vazia
Que meus sentimentos florescem,
Quietos...

Minha alma, fervida pelo dia,
No preto se revela...

Os potenciais de dentro
Se misturam...
Alguns vivos,
Outros a caminho da morte,
Nessa infinitude que existe
E deixa de existir a cada segundo.

Vitalidade extensa,
Mortricidade intensa,
Embaralha-me, intensifica-me,
A cada morrer e a cada viver...

Sou um motor de solidões frias,
Conexões quentes
E relações vazias.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contato

Olhar que transcende a imagem
Como a metáfora que transcende a linguagem.
Magnetiza-me,
Encanta-me,
Faz-me presa,
Necessitando entregar-me.

Meu corpo, então,
Se traduz em vontade
De querer completar-me com sua realidade
E transformá-la, junto à minha,
Numa satisfatória verdade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ser ou trabalhar



Minha vida é contemplar.
Reconheço o céu e suas nuvens.
As plantas e suas flores.
O universo e suas galáxias.
Do micro ao macro,
Deixei minha mente devanear.


A partir disso,
Vem a necessidade de exprimir.
Mas sempre me preocupei tanto em enxergar,
Que o fazer foi esquecido.

Não consigo ser poeta,
Nem artista, o que sempre quis.
Falta dedicação a mim.
Todo esse tempo somente a apreciar,
Limitou meu expressar.
Agora só consigo lamentar.

Voltar atrás? Impossível.
E nem sei se quero,
Porque tudo que sou hoje,
Devo ao que contemplei.

Apenas sofro,
Quando choro ao ver, num dia chuvoso,
Um rachar amarelo entre as nuvens,
Me mostrando a imensidão azul...
E depois não saber o que fazer com esse chorar.
Escrever torto é o máximo que consigo.

O mundo quer que eu trabalhe, estude...
Fico perdido.
Pois tudo o que leio
Parece um buscar do reflexo da lua
Em uma água turva.
Sem saber que basta olhar acima.

Só o misticismo me interessa,
Mas não há faculdade para isso.
Preciso de dinheiro, fazer o quê.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vôo



Leva sua vida
Porque, no caminho, há de surgir poesia.
Mova-se por suas amizades,
Pois são elas que estarão sempre ao seu lado.

Ame todos, deixe falar quem quiser.
Diga sim para não dizer talvez.

À noite, busque as estrelas,
Mesmo que as luzes da cidade as escondam.
De dia, procure o verde,
Mesmo que os prédios o oculte.

Olhe o céu e ache os pássaros,
Mesmo que inexistentes.
Eles são o maior ensinamento.
Eles e as flores,
Que se abrem mesmo à noite.

Abaixa estes ombros,
Cuida do seu corpo.
A vida é longa, companheiro...
O tempo não parará,
Por mais que você queira.

Apague as luzes,
Respeite a noite,
O escuro, a morte.

O caminho está no ar,
Basta aprender a voar.

sábado, 22 de novembro de 2008

Falso soneto


O que o coração pede
A mente não tem como dar.
Essa divisão necessária
Dói, me impede de andar.

Exprimir esse vazio
É tudo o que posso fazer.
No entanto, não irá adiantar...
Devo me poupar.

A poesia me consome
Ao escrever este sofrer,
Já que sou tão covarde para chorar.

Devo, então, me conformar
E esperar o tempo dizer
Qual caminho traçar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sete



Vermelho, me alimente.

Laranja, me esquente.

Amarelo, dá-me luz.

Verde, me equilibre.

Azul, me esfrie.

Roxo, me guie.

Branco, me ilumine.


Meio



Luz e escuridão.
Frio e calor.
Céu e inferno.
Preciso achar o terço.

Me dividir em dois,
Ir e vir...
Só vou, sem voltar,
Sem achar o complemento.

Insatisfeito estou
Em meio à dualidade.
Desequilibrado na vastidão
Das expressões duplas.

Sofrer e amar,
Rir e chorar.
Felicidade contida,
Prantos em água.

Cadê o triângulo?
Onde está o pentagrama?
E o sete implícito?
Sete vidas, sete energias...

A morte um dia virá...
E ao tomar a minha vida revelará
Tudo o que eu quero.
Mas e até lá?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Solidão



Olhando as nuvens
Com todo esse amor latente.
Pregando o infinito nos olhos...
Só vem a saudade.

A tristeza de se ver só,
Sem a companheira.
Para junto compartilhar,
Pela qual extravasar.

E esse chorar
Vindo em ondas...
Ondas de compaixão, de amor...
Apagadas em mais uma brasa de cigarro.

O mundo, lá fora, me esperando.
E eu, aqui dentro, sonhando.
Com tudo, mas principalmente com vocês.

Vendo, sentindo de repente o pranto
Desfeito em véus...
Tentando exprimir sem fim
Esse turbilhão em mim.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Chuva



Representa a divindade da água.
Revela sua capacidade de se movimentar dentro de qualquer corpo.
No nosso, pela circulação e osmose.
E na terra, corpo celestial, através dos rios, mares e chuva.
Necessária à vida, justamente por esse poder único de renovar e integrar tudo o que encosta.
Presente nos céus, presente na terra, presente no ar, onipresente.

Chuva, seu som é macio.
Nuvem, sua forma é bela.
Cachoeira, seu ar tranqüiliza.
Rio, seu toque faz bem.
E água, seu gosto que gosto não tem é o melhor que tem.