segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dor

Na noite fria
O vento fuma meu cigarro,
As cinzas caem sobre meus pés
E a brasa alcança meu dedo.
O calor queima,
Estou vivo.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sol



Olhando o azul escondido pelas nuvens,
Vejo um pássaro, voo com ele.
Pelos seus olhos aparece a fresta
Nessa imensidão branca.
Plano sobre o verde refletido da mata.
Não sei se olho acima ou abaixo...
Atravesso então o céu,
Almejando o firmamento,
A abóbada celeste.

O branco, agora intensificado,
Está amarelado pelos raios do sol.
Essa luz divina
Que alimenta tudo e a mim.
A razão do verde,
A raiz de todas as contemplações.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Números


Entendo que o um é a origem,
E o dois a dualidade.
Vejo no três o primeiro equilíbrio,
E no quatro sua planificação.
O cinco abre a porta do infinito,
E o seis é sua malha.

O sete é o metafísico,
E o oito os possíveis caminhos.
O nove não se enxerga,
E, chegando ao dez, a gente volta
No ciclo infinito que parte do nenhum.

sábado, 29 de novembro de 2008



"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vida e morte



O verde, à noite, escurece...
O vermelho arde,
E o amarelo desaparece.

O preto, então, aparece
Na noite onde as cores somem.
Me resta o branco, interno.

É nessa imensidão vazia
Que meus sentimentos florescem,
Quietos...

Minha alma, fervida pelo dia,
No preto se revela...

Os potenciais de dentro
Se misturam...
Alguns vivos,
Outros a caminho da morte,
Nessa infinitude que existe
E deixa de existir a cada segundo.

Vitalidade extensa,
Mortricidade intensa,
Embaralha-me, intensifica-me,
A cada morrer e a cada viver...

Sou um motor de solidões frias,
Conexões quentes
E relações vazias.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contato

Olhar que transcende a imagem
Como a metáfora que transcende a linguagem.
Magnetiza-me,
Encanta-me,
Faz-me presa,
Necessitando entregar-me.

Meu corpo, então,
Se traduz em vontade
De querer completar-me com sua realidade
E transformá-la, junto à minha,
Numa satisfatória verdade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ser ou trabalhar



Minha vida é contemplar.
Reconheço o céu e suas nuvens.
As plantas e suas flores.
O universo e suas galáxias.
Do micro ao macro,
Deixei minha mente devanear.


A partir disso,
Vem a necessidade de exprimir.
Mas sempre me preocupei tanto em enxergar,
Que o fazer foi esquecido.

Não consigo ser poeta,
Nem artista, o que sempre quis.
Falta dedicação a mim.
Todo esse tempo somente a apreciar,
Limitou meu expressar.
Agora só consigo lamentar.

Voltar atrás? Impossível.
E nem sei se quero,
Porque tudo que sou hoje,
Devo ao que contemplei.

Apenas sofro,
Quando choro ao ver, num dia chuvoso,
Um rachar amarelo entre as nuvens,
Me mostrando a imensidão azul...
E depois não saber o que fazer com esse chorar.
Escrever torto é o máximo que consigo.

O mundo quer que eu trabalhe, estude...
Fico perdido.
Pois tudo o que leio
Parece um buscar do reflexo da lua
Em uma água turva.
Sem saber que basta olhar acima.

Só o misticismo me interessa,
Mas não há faculdade para isso.
Preciso de dinheiro, fazer o quê.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vôo



Leva sua vida
Porque, no caminho, há de surgir poesia.
Mova-se por suas amizades,
Pois são elas que estarão sempre ao seu lado.

Ame todos, deixe falar quem quiser.
Diga sim para não dizer talvez.

À noite, busque as estrelas,
Mesmo que as luzes da cidade as escondam.
De dia, procure o verde,
Mesmo que os prédios o oculte.

Olhe o céu e ache os pássaros,
Mesmo que inexistentes.
Eles são o maior ensinamento.
Eles e as flores,
Que se abrem mesmo à noite.

Abaixa estes ombros,
Cuida do seu corpo.
A vida é longa, companheiro...
O tempo não parará,
Por mais que você queira.

Apague as luzes,
Respeite a noite,
O escuro, a morte.

O caminho está no ar,
Basta aprender a voar.

sábado, 22 de novembro de 2008

Falso soneto


O que o coração pede
A mente não tem como dar.
Essa divisão necessária
Dói, me impede de andar.

Exprimir esse vazio
É tudo o que posso fazer.
No entanto, não irá adiantar...
Devo me poupar.

A poesia me consome
Ao escrever este sofrer,
Já que sou tão covarde para chorar.

Devo, então, me conformar
E esperar o tempo dizer
Qual caminho traçar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sete



Vermelho, me alimente.

Laranja, me esquente.

Amarelo, dá-me luz.

Verde, me equilibre.

Azul, me esfrie.

Roxo, me guie.

Branco, me ilumine.


Meio



Luz e escuridão.
Frio e calor.
Céu e inferno.
Preciso achar o terço.

Me dividir em dois,
Ir e vir...
Só vou, sem voltar,
Sem achar o complemento.

Insatisfeito estou
Em meio à dualidade.
Desequilibrado na vastidão
Das expressões duplas.

Sofrer e amar,
Rir e chorar.
Felicidade contida,
Prantos em água.

Cadê o triângulo?
Onde está o pentagrama?
E o sete implícito?
Sete vidas, sete energias...

A morte um dia virá...
E ao tomar a minha vida revelará
Tudo o que eu quero.
Mas e até lá?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Solidão



Olhando as nuvens
Com todo esse amor latente.
Pregando o infinito nos olhos...
Só vem a saudade.

A tristeza de se ver só,
Sem a companheira.
Para junto compartilhar,
Pela qual extravasar.

E esse chorar
Vindo em ondas...
Ondas de compaixão, de amor...
Apagadas em mais uma brasa de cigarro.

O mundo, lá fora, me esperando.
E eu, aqui dentro, sonhando.
Com tudo, mas principalmente com vocês.

Vendo, sentindo de repente o pranto
Desfeito em véus...
Tentando exprimir sem fim
Esse turbilhão em mim.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Chuva



Representa a divindade da água.
Revela sua capacidade de se movimentar dentro de qualquer corpo.
No nosso, pela circulação e osmose.
E na terra, corpo celestial, através dos rios, mares e chuva.
Necessária à vida, justamente por esse poder único de renovar e integrar tudo o que encosta.
Presente nos céus, presente na terra, presente no ar, onipresente.

Chuva, seu som é macio.
Nuvem, sua forma é bela.
Cachoeira, seu ar tranqüiliza.
Rio, seu toque faz bem.
E água, seu gosto que gosto não tem é o melhor que tem.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lentidão



Está tudo tão lento.
Fala-se demais, diz-se de menos.
O tempo passa e me arrasta,
Implicando insatisfação.

Meu ritmo é rápido,
Sou ansioso,
Me angustio fácil,
Sendo logo reprimido.

Devo só ser,
Mas para isso há consequências,
As quais meus ombros ainda não suportam.
Usar atalhos gera dívidas,
Que só o corpo pode pagar.

A insustentável leveza do ser
É realmente insustentável.
Devo então soltar e deixar as correntes a puxar
Para, assim, tentar ser
Sem lutar...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pagamento



Pago minhas sensações com sofrimento.
Me introverto com minha lógica,
E a extroversão vem com o sentimento.
Tudo devidamente equilibrado?
Não! Falta emoção...

Não quero perder a qualidade de chorar,
Quero viver, quero amar...

Meu coração é de carne,
Já a mente de resina,
E a escrita é de tinta.

Pintar o ego, deixá-lo colorido...
Transbordar o copo...
Copo vazio.
É o que preciso.

Viver é ser,
Especular não é.
O passado que foi
É o futuro que jamais será.

Há todas as cores em mim,
Porém não as vejo.
E com os olhos fechados
Há o nada branco e o infinito preto.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Correnteza



Escrever, não consigo.

Ser, enxergo.
Insanidade somos nós.
Nós que se prendem,
Apegos que se esvaem.

Quero ser novo, ver novamente.
Reticenciar o todo,
Infinito de mim mesmo.

À noite, acendo.
De dia, calo-me.
À tarde, vejo-me.
Sou ondas azuis
Em um oceano vermelho.

Nado a esmo,
Sem nem saber o que encontrar...
E muito menos o que ser.
O que resta é tentar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Silencioso barulho



Minha alma inquieta.
Há uma voz:
A voz da mente.
Mentirosa.

Tentar o silêncio,
Abrir os canais
Pelos quais a energia flui
Sem cessar.

Estar sempre aberto,
Se dar...
É o que é necessário
Para ouvir sem falar.

Sem a fala
Vem o viver.
Com o silêncio
Há o esperar.

Vivendo e esperando,
A vida se mostra,
A percepção flui
E o interagir se alastra.

O objetivo some como ponto,
Mas reaparece como planos.
Se mostra a qualquer hora,
Larga da distância.

Próximo à fonte
Se bebe da força,
O impulso criativo aparece
E o corpo se funde.

O poema não tem fim,
Assim como o destino.
Vivo então sem rumo,
Porém afim...


terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Super-homem, a canção"



"Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É a que me faz viver

Quem dera pudesse todo homem compreender ó mãe,
Quem dera
ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher..."

Complicada busca



Necessidade do toque,
Fusão.
Do olhar que penetra,
Conexão.
Do silêncio melódico,
Suficiente.
E da plena interação,
Viciosa.

Essa falta que perturba a atenção,
Impede a contemplação
E impõe insatisfação.

Busca incessante,
Pois não se se completa só.
E, na espera,
A verdade se esconde.
Não há música.

domingo, 26 de outubro de 2008

Homenagem a elas



As responsáveis por nossos encantos.
As sensivelmente aguçadas
E sentimentalmente capazes
De amparar nossos desencantos.

Elas que têm curvas.
Elas que quebram nossos quadrados,
Que moldam-nos em círculos,
Hiperbolizam nossas paixões.

Elas que manifestam o valor do que não se explica,
Que equilibram nossa razão
Com o transbordamento da emoção.

As criadoras de vida,
As condições à poesia.
As resistentes à dor,
Os redemoinhos de amor.

Voz



Um dia desses, deitado na cama com ela, olhava o teto.
Os corpos pouco se encostavam, mas era constante.
Conversávamos sobre não sei o quê; a voz era muito presente.
Deixei as memórias de lado, a sentia apenas como som e calor, sem nenhuma lembrança ou dedução associada a isso.
Percebia a voz como todo seu ser e prestava atenção em sua maciez, na tonalidade e intenção, sem importar-me com os significados.
Vi que o mais interno de alguém está em sua voz.
E o externo em sua "casca", sua forma.

Nós somos as nossas vozes.

sábado, 25 de outubro de 2008

Par ou ímpar?



Viver:
Agir
Ou observar...

Criar,
Destruir,
Manipular.

A vontade,
Com receio
Ou confiança.

O egoísmo,
A maldade
E a bondade.

Regredir,
Manter,
Superar.

Morrer,
Viver,
Eternizar.

O azul,
Verde
E vermelho.

O branco,
Cinza
Ou preto.

E o universo:
Nada
E infinito

Se resume em
Pai, mãe
E filho.

A mulher



Ela é, ela está.
Vive por meio de mim,
A encontro.
Será?

Viverei sempre a te encontrar...
Será?
A me encontrar...
Em você e em mim.

As duas partes que se formam...
Cada qual sozinha.
A necessidade é do interno,
Mas o externo é quem pede ajuda.

Eva! Eva!
Aonde estará?
Dentro ou fora?

Quem será?...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mãos



Cinco dedos,
Cinco pontas,
Que juntos formam a mais incrível ferramenta
Com as mais belas proporções.

O polegar, grande diferencial,
Faz a pinça,
Que pincela possibilidades infinitas
De criação ou destruição.

Um aperto de mãos,
Um abraço, um tapa bem dado.
São simples ações,
Mas cheias de significado,
Que possibilitam interações
De agrado ou desagrado.

Há mãos que acolhem,
Mas há as que mordem.
Há também as que aquecem,
E há as que estremecem.
Expressão máxima do divino,
São as mãos.

As suas quais são?

Três coisas que devo fazer



Contemplar árvores

Olhar nos olhos de um mendigo

Olhar o espelho nos olhos

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Inconstância



Tempo inconstante,
O percebo em ondas.
É rápido, curto,
Às vezes lento,
Ofegante.

Mas sempre tangente.
Desacelera, acelera
E raramente pára.

Passam-se as horas...
Passam-se os minutos...
Trocando os valores.
Hora que se faz minuto,
Minuto que se faz hora.

Perceber o tempo é complicado.
Já o espaço, mais fácil.

Sol?



É tarde na tarde...
O sol está saindo,
E sua companheira chegando.

Mas ela é tímida,
Às vezes amarela,
Até ruiva...

Tem o seu tempo certo,
Mas seu homem
A esconde no teto.

Ela é linda,
Mas não dão atenção.
Ela é a Lua.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Paciência



Acorda! É tarde...
Cadê o coelho?
Achou o gato roxo?

Vida vai...
Vida vem...
Venha!
Mas tenha calma.

O tempo e o espaço
São nossos melhores amigos...
Porém traiçoeiros.

Tenha tempo,
Haja espaço...
Fique em casa.

Amor



Amor não se entende,
Se sente.
Amor não se passa,
Se exala.
Amor não se recebe,
Se percebe.
Amor não preenche,
Invade.

Amor não se cria,
Amor surge,
Feito a chuva, de repente,
Que logo se apossa
E faz da vida nossa,
Presente.

Mas não se consome,
Se aspira.
Não se gasta,
Se perde.
Não se acaba,
Se esquece.

E não é só,
É mútuo.
Não é cego,
É mudo.
.
.

Saudade material


O corpo está sozinho.
A mente, não.
A imaginação palpita,
O engana.
A saudade está flácida.

Uma flacidez complicada,
Difícil de repuxar.

Fujo então do corpo,
Para, assim, sustentar
Através da mente,
Com o pensar.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cobiça

Cobiço minha cobiça,
Minha mente é autofágica.
Inverto os valores,
A engulo...

Para digerir: a Ira
Contida em cada um de nós,
Com todos os nós.

Por outro lado, mas perto, a luxúria.
Esta sendo até mais complicada,
Pois seu reter
Há de intensificá-la.

Canalizo, novamente e então,
A Ira na Gula,
E no engulo

O falo.


A beleza do paradoxo

Tá tudo na cabeça,
Seu CABEÇÃO!

Precisa de rima?
Acho que não...

domingo, 19 de outubro de 2008

Choro, riso; riso...

Após o choro,
Há o riso...
Antes da tempestade,
Há a bonança...

Amor e ódio;
Rir e chorar.
A felicidade está restrita a nós
Humanos.

Junto à ela
Carece o término...
Que sempre virá...
Sempre a chorar.

Céu

Meu número é cinco,
Eu sou vermelho.

A mente que antes transbordava,
Porém não escorria,

Agora está solta
Feita um chafariz.

Devo isso à teia,
A esta enorme teia
De amizades e paixões;
De vivências e aprendizagens.

A ubiqüidade está no céu,
E eu, felizmente,
Na terra.

Força criativa

Entrego-me.
Faço do meu corpo testemunha,
Testemunho a mim mesmo.
Sou algo orgânico.

Devo sempre observar.
Devo sempre agir.
Devo sempre amar.

Para isso tenho este cérebro.
Essas conexões infinitas,
Desconexas...

Mas que, ao fim, sempre se mostram,
Sempre conectam.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Aforismos

.
Não se deve ter medo de cair, se deve tirar proveito da queda.

A essência de cada um se expressa em suas vozes.

Só consegue conviver em apreciação plena com a harmonia
quem consegue conviver sem depreciar com o caos.

O prazer é o alimento preferido da atenção.

A gente é aquilo que sente o que o corpo nos faz sentir.

A fé é a negação da probabilidade.

A filosofia deve ser entendida, a ciência considerada, a poesia sentida, e a espiritualidade aceita.

Estar sempre atento não leva somente a sentir o que está acontecendo, leva também a sentir o que irá acontecer.

O maior problema do orgulho é que somos muito orgulhosos para percebê-lo.

A palavra reduz.

Deus não tem vontade; é a própria vontade.

Enquanto a ética for incoerente com as vontades básicas, haverá conflito.

Atenção

.

A atenção ao externo
Potencializa o interno,
Afia a mente
E a faz alerta ao universo,
O verdadeiro agente.

O ser humano,
Além de ser humano,
É parte disso tudo.
Mas nós pensamos
Que somos os únicos agentes
Desse mundo fluente,
Que, como condição para fluir,
Deve se auto-concluir,
Sem deixar nenhum ente ausente.

Quando aceitamos tudo,
Sem distinção perante a gente,
Nos integramos
A todos esses outros
Também agentes...

Mas que agora,
Junto à gente,
Deixam de conflitar e fluem....
Finalmente... perfeitamente...


Tente ficar em silêncio.
Só que não o silêncio externo...
O interno.

A voz, dentro, não pára!

Tente novamente...
Fixe em algum ponto.
Veja quantos segundos demora sua mente a falar.
Não muitos...

Se se precisa de esforço para que se a cale,
Há desequilíbrio.

Sem equilíbrio a atenção não resiste.



O desequilíbrio do corpo é visível,
Já o de dentro:

Oculto.

Em tudo se quer inferir,
A aceitação é curta.


Agora,
Se quiseres ouvir o mais belo som:
O do silêncio...

Há de deixar tudo!

Seja um nada.
Finja que o conhecimento não existe...
Que somente existe o presente e a presença...


E, se tiveres uma prova dele,
É o suficiente,
Mesmo que para sempre ele se ausente.



Basta não esquecê-lo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Perspectiva

.
A vida nos parece complicada, e é.
A vida é bastante complicada,
Mas quando vista de fora.
Ao analisar a vida, se vê toda a sua complexidade.
No entanto, assim nos esquecemos que fazemos parte dela,
Somos também vida.
E, por estarmos nela, a complexidade desaparece.
Porém somente se vista sem os olhos da análise.

Em sua essência, o universo é simples,
Muito simples.
Funciona sem dificuldade alguma, livre.
Todas as criaturas simplesmente vivem.
Tudo simplesmente existe.
Mas nossa razão, quando usada só,
Nos insere em outro plano, distante,
Longe de tudo isso.
E nos impede de fluir,
De simplesmente viver.

Por isso nos foi dada a emoção,
A qual deve andar grudada na razão,
Para que esta não nos carregue,
Não nos arraste a um lugar distante do real,
Do sensível e do vivo,
Que é tudo isso, que está em nosso redor
E em nós.

Insuficiência lírica

.

Reprimo emoções,
Meu ego é flácido.
Faço sempre antes,
Apago o valor dos instantes.
Exalto-me fácil
E sempre tiro, sem querer,
As mãos dos volantes.

Às vezes falo o que não penso,
Pois para transmitir meu pensamento,
Preciso passar, junto, meu sentimento.
E este, sufocado,
Impede a formação dos dados
Necessários a todo o entendimento.

A linguagem pura me é insuficiente.
Já as metáforas necessárias,
Inalcançáveis a mim.
A vontade de expressão
Transborda na mente,
Mas não escorre pelo corpo,
O verdadeiro ente.

A fonte está ligada,
O canal obstruído,
O ser estático,
E o ego vívido.


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Opostos



Serão os opostos realmente opostos?
O quente é oposto ao frio?
Na verdade, o frio é a ausência de calor.
Assim como a escuridão, ausência de luz.

Falar sobre coisas físicas é fácil,
Agora tente pensar nos sentimentos.
Será o ódio a ausência do amor?
A alegria a ausência da tristeza?
O contrário?
Ou nem isso?

quarta-feira, 2 de abril de 2008



Os pés tocam a terra,
As mãos o espaço,
E a mente o infinito.



terça-feira, 1 de abril de 2008

Super ego



Todos temos a capacidade inata de enxergá-lo.
Quando crianças, fazemos graça espontaneamente dele.
Mas quando crescemos, ele cresce junto.
Fica tão grande que deixa de ser só e toma o ser.
Assim vamos envelhecendo...

E é esquecido que ele é passível de piada!
Somos testemunha de nós mesmos!

Então o escute e veja o quão estúpido é!
Ele ou você?
Por que levar tudo tão a sério?
Você ou ele?
Desfoque...

Ele é apenas o ego.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Vivo!
Sinto a luz,
Cheiro o destino,
Toco o espaço.

Ouço o silêncio em notas azuis.
E o tempo, ondas brancas,
Sobem e descem.

Está sempre à mostra,
Basta enxergar seu som
E ouvir seu eco.

sábado, 29 de março de 2008

Aforismo


Só consegue conviver em apreciação plena com a harmonia
quem consegue conviver sem depreciar com o caos
.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dualismo



Espíritos do mal,
Espíritos do bem,
Venham a mim,
Me mostrem o além.

Não sei se sou bom,
Não sei se sou mau.
Só sei que não busco o caos,
Só o bem.

Quero harmonia,
Mas ganho caos.
E se quero caos,
Ganho nada.

Então, quero mais nada!
Mas também quero tudo...

segunda-feira, 24 de março de 2008

O vazio

É preto,
É branco,
Mas amarelado
No meio.

É no meio
Que não há peso,
Há leveza.

A leveza,
Quase insustentável,
É cheia
De vazio.

É vazia
De preto.

domingo, 23 de março de 2008

Pensar, sentir? Sentir, pensar?


Emoção, .......................... Sensação,

Razão, ............................. Emoção,
Sentimento? ........................ Razão?

Sentir, .................................. Sensação,
Ouvir, ................................... Sensação,
Pensar, ................................ Emoção?

SEM SER SÃO!

Ver

Matéria ou energia?
Tudo energia
Em diferentes concentrações.

Calor, movimento
E luminosidade
É o que se perde
Com a idade.

Abra seus olhos,
Não olhe pro chão,
Olhe acima o céu,
Sinta o véu.

E veja novamente,
Mas agora dentro.
E sem esquecer
Do som, do cheiro,
Do sentimento...

Luz



Dualidade ambulante,
Nos conecta.

Se abre num leque,
São as cores:
Pluralidade.

Movimento puro,
Branco no preto.
Singularidade.

Incessante,
Interminável,
Amável e detestável.

Sem luz não há troca,
Há frio somente.
Congelamento.

Ver luz;
Viver luz;
Ser luz.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tempo

Tempo, sou seu.
Faço de tu meu guia.
Se passas rápido demais,
Recuarei.
E se ficar lento,
Mais ainda parar ei.

Finalmente te encontro,
E o seu amigo, o espaço,
Mostra-se junto.

Os paradoxos
Deixaram de me variar,
Pois você, ó tempo,
Está no espaço,
E eu em você.

Ele


Meu cérebro é estranho.
Induz com a direita,
Mas reproduz com a esquerda.
É destro, mas deseja é ser canhoto.

Pela direita ele intui,
Mas, também,
Pela esquerda desobstrui.

Me mostra infinitos paradoxos,
Que os sentidos só ele os tem.

Estou rendido, faço o que ele mandar.
Cansei da luta, abandono meu orgulho,
Viro pó.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Loucura



A linha é fina.
Sanidade ou insanidade?

O tempo corre, me cutuca.
Sinto o coração,
Não mais mudo.

Agora ele tem o poder da voz,
Mas sufocado.
Recuar ou aguentar senti-lo,
É o que me resta.

É tarde, é cedo,
É agora.


Heim?

Cadê o infinito?

Heim!? Senhor
Finito?

Água quente na cabeça,
Fria no pé.
Esquenta, então,
Esse teu pé!

Finito,
Agora é contigo!